A crise das habitações nos tempos modernos

Na quarta-feira (28), foi dado o pontapé inicial do 3° Fórum de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Veiga de Almeida. O evento fez parte do Circuito Urbano, promovido pela ONU Habitat, e trouxe um tema muito importante e atual, Covid-19: moradia em crise.

 A mesa de debates teve como mediadora a professora Taísa Carvalho, coordenadora adjunta do curso de Arquitetura e Urbanismo da Veiga , Edson Maciel, professor, arquiteto, mestre em planejamento urbano e ex-secretário de urbanismo da prefeitura de Mesquita, e Carlos Murdoch, arquiteto e professor da Uva.

Para iniciar a palestra, Taísa Carvalho trouxe alguns números alarmantes sobre a cidade do Rio de Janeiro no que diz respeito a moradias. Segundo o censo de 2018 da prefeitura carioca, das 3.715 pessoas que moram nas ruas da cidade, 913 estão alocadas em abrigos municipais

Os dados da Defensoria Pública assustam ainda mais. Segundo pesquisa do órgão, 15 mil pessoas vivem em situação de rua na no Rio. Já a pesquisa feita pelo FIST (Frente Internacional dos Sem Teto), 140 mil famílias sofrem com o déficit habitacional. 

O professor Edson Maciel deu sequência à palestra trazendo ao debate algumas teses. Um dos temas levantados foi a contradição criada pelo capitalismo no uso de moradias como mercadoria e o direito do cidadão a elas. É a mercantilização da cidade, o acesso à moradia virando um mercado. 

Edson também abriu um debate sobre a escassez de estrutura urbana, apontando a realidade dos trabalhadores de São Paulo, que levam de quatro a seis horas para se locomover na cidade e chegar ao trabalho. Os números das pesquisas sobre a realidade sanitária nacional também assusta. Apenas 40% da população nacional possui acesso a esgotamento e água tratada, os 60% que moram em favelas e periferias não são contemplados com esse direito.

O arquiteto Carlos Murdoch demonstrou preocupação com a situação econômica e social do Brasil. A queda no PIB nacional, iniciada em 2014 aumentou com o passar do tempo. Com essa crise econômica crescente, Carlos fala sobre o aumento da desigualdade social, agravada com a pandemia da Covid-19.

Sobre os problemas de estrutura social, saneamento e habitação, o professor Murdoch apresentou algumas soluções. Decidir corretamente os investimentos públicos é o passo inicial. A dívida boa é aquela que gera reinvestimentos futuros como, por exemplo, pegar um dinheiro no mercado internacional e investir em saneamento, pois a cada um real investido em saneamento, economiza-se 2,50 em saúde.

Sobre as dívidas ruins, Carlos lembrou das Olimpíadas de 2016. O evento recebeu um investimento de 40 bilhões, dinheiro que pouco foi visto na melhoria da estrutura da cidade. Uma parte dele foi para as obras do BRT, que custaram 1.1 bilhão, e ainda estão incompletas, e para o VLT, que, segundo o arquiteto, foi um dos responsáveis por “detonar” o comércio no Centro carioca. Custou 1.1 bilhão aos cofres públicos e atende a um número muito menor da população.

Com esses dados, o professor reafirmou a necessidade de boas decisões de investimento público. Direcionar esses investimentos para obras públicas é um começo de mudanças. Os dois palestrantes, apesar de enfatizarem os problemas e a falta do básico na maioria das metrópoles brasileiras, também apontaram soluções, uma luz no fim do túnel e a esperança de um futuro melhor.

Link da Palestra

Jonatas Santos, 8° período

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