A Abolição da Escravatura no Brasil aconteceu no dia 13 de maio. Pensando nisto, a Agência Uva convidou Jefferson Belarmino de Freitas, Doutor e Mestre em Sociologia, Pesquisador e Subcoordenador do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa da UERJ, para conversar com os alunos sobre racismo estrutural e a necessidade de uma segunda abolição. A live foi transmitida pelo Microsoft Teams e mediada pela aluna Bárbara Souza.
Em um longo bate papo, Jefferson falou sobre os 133 anos da abolição da escravatura no Brasil e o impacto que essa decisão causou no país, sobretudo na população negra. Ele ressalta que a realidade é outra e que a abolição nunca foi uma dádiva. “Essa data tem a ver com uma reinvindicação que começou por militantes ativistas negros no Rio Grande do Sul em 1971, que começaram a colocar em pauta o dia 20 de novembro como substituição ao 13 de maio e tudo que a data significa.”
O sociólogo, que também já foi pesquisador visitante na Vanderbilt University e na Universidade da Califórnia-Berkeley, estuda relações raciais, de classe e de gênero e explicou para os estudantes que não houve um aparato para a população negra após a abolição da escravatura. A respeito de uma segunda abolição, Jefferson afirma que essa é uma “briga” grande na sociologia, principalmente na sociologia das relações inter raciais. Ele também destaca que as desigualdades existem e são reconstruídas todos os dias, em prejuízo da população negra. “As desigualdades são construídas cotidianamente. Ao longo da história, detentores do poder fazem e incorporam uma certa dinâmica, inclusive via Estado, para excluir a população negra. E é importante que essas desigualdades sejam compreendidas cotidianamente”.
A triste realidade é que a gente nunca viveu em um país que não fosse racista estruturalmente. A gente nunca viveu em um Brasil em que as instituições não eram reforçadas por práticas racistas.
(Jefferson Belarmino de Freitas)
A palestra chamou a atenção dos alunos e abordou assuntos de extrema importância. A mediadora Bárbara enfatizou que mesmo em meio a tantas lutas, é necessário resistir. “A gente não pode ficar sem lutar e sem fazer nada. Por isso, ressignificar certas datas e lutar como as pessoas podem é tão importante”. Ao ser questionado sobre um possível fim do racismo estrutural no Brasil, Jefferson foi assertivo. O professor também aproveitou para incentivar as próximas gerações e ressaltou que a educação é o melhor exemplo. “Primeiramente, o básico é incentivar uma educação antirracista. É preciso trazer as questões raciais, de gênero, de igualdade de uma forma geral para um âmbito mais democrático”.
Manoela Anjos, 7º período
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