Alunas da UVA conciliam aulas virtuais com maternidade

Isolamento social mudou a rotina das jovens mães

 

O próximo dia das mães será diferente para muitas famílias. Com o isolamento social, a tradicional comemoração na casa da matriarca terá de esperar. Mas essa não é a única diferença causada pela quarentena. Algumas universidades e escolas aderiram ao ensino à distância. Para quem precisa cuidar dos filhos e ainda estar presente nas aulas, o momento é complicado e cansativo.

Para aluna do terceiro período do curso de Publicidade da Universidade Veiga de Almeida, Valeska Assis (26), conciliar o tempo de estudo e cuidar do filho de cinco anos, além das tarefas domésticas, se tornou um desafio. Ela é mãe solteira e antes da quarentena tinha a rotina de deixá-lo na creche, em tempo integral, ir para faculdade e depois estágio, buscando o menino na volta pra casa, em Nova Iguaçu. “Eu saia correndo para deixá-lo na creche e voltava correndo para buscá-lo. Minha vida era assim, corrida”. Agora os desafios são outros. Ela tem aulas à distância e ele também, nos mesmos horários. Diante disso, foi preciso organizar o tempo para os dois estudarem. “Eu tive que pegar um computador emprestado pra ele ter as aulas junto comigo. Enquanto eu estou na sala virtual da faculdade, ele está na da escola”. 

Esse foi o maior desafio para Valeska, porque além de estudar, precisa trabalhar, dar atenção ao filho, fazer a comida e arrumar a casa. “Tá corrido. São coisas que antes eu fazia somente no fim de semana e agora estou fazendo todo dia, mas não tenho muita escolha”. Apesar de criança, o filho da aluna é inteligente e sagaz,  já entende o por quê da quarentena e briga com a avó quando ela tenta sair de casa. “Ele diz que se ela ficar doente, não vai poder chegar perto dela”. Este ano não vai ter reunião no almoço de dia das mães, respeitando o isolamento. “Vamos todos passar o dia inteiro em vídeo chamada”. 

Enquanto uns comemorarão à distância, outros passarão o dia apreensivos. Esse é o caso da aluna do sexto período de Design de moda da UVA, Carla de Paula (28). O pai dela testou positivo para o COVID-19, e sua mãe, que tem asma e bronquite, foi a pessoa que mais teve contato com ele. “Eu tô morrendo de medo, não a vejo desde o início da quarentena, estou com muitas saudades de ter ela por perto, de vê-la com meu bebê. Só quero que isso tudo acabe bem para poder estar perto deles novamente”. Carla tem um menino de oito meses que consome quase todo o seu tempo, e encontrar um horário para estudar, com tanta preocupação, está sendo difícil. 

Mas a rotina para conciliar a maternidade e as aulas já era complicada durante a gestação. A aluna teve depressão e síndrome do pânico, precisando de um afastamento especial da faculdade.e muita ajuda dos professores. Depois do nascimento do bebê, ficou mais cansativo. Ele não se acostumou com a mamadeira. Carla o levava para amamentar na faculdade, com a ajuda da mãe dela. “Eu estava pensando em desistir, porque era difícil se deslocar de Nova Iguaçu com o bebê e a bolsa dele de trem”. A quarentena chegou e Carla admite que a situação ficou um pouco melhor pra cuidar dele e estudar. Em casa, ela tem a ajuda do marido, que fica com o filho enquanto ela assiste às aulas. Mas já tiveram momentos em que o companheiro não pode ajudá-la  “Eu tive que contar com a compreensão da professora, que também é coordenadora do curso de Moda. Ela foi super solícita com a situação”. 

Escrever a monografia melhorou a controlar a ansiedade na quarentena e a preocupação com seus pais. Carla pensou em desistir da universidade, porque cuidar do bebê e produzir as tarefas de finalização do curso são desafios. Porém, ela segue tentando com o apoio da família. A aluna sente muita falta do âmbito universitário, pois sempre esteve muito presente no campus, nos horários da aula e participando do time de líder de torcida da Atlética de comunicação. “Eu passava meu dia na faculdade, estava sempre envolvida nas atividades. Então, estar longe pra mim está sendo complicado”, ressalta.

 

Luiza Almeida, 6º período

 

Fotos do arquivo pessoal das entrevistadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

%d blogueiros gostam disto: