Alunos como parceiros

A nova reitora da UVA, professora Maria Beatriz Balena, conta o que será prioridade no comando da universidade e no relacionamento com a comunidade acadêmica

Estar à frente de uma universidade com todos os desafios que permeiam a educação é uma tarefa complexa. Em uma entrevista exclusiva para o UVA EM FOCO, a nova reitora da Universidade Veiga de Almeida, a professora Maria Beatriz Balena Duarte, nos contou um pouco da sua trajetória acadêmica e profissional, além de antecipar quais são as prioridades para melhorar a relação entre os alunos e a universidade.

 

Profa Bia, como gosta de ser chamada, já foi pró-reitora de pós-graduação e pesquisa e também atuou como vice-reitora durante os nove anos que esteve na UVA. Agora, retorna para assumir o comando da universidade. Formada em Sociologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), é doutora em Sociologia e Ciências da Educação pela Universidade de Santiago Compostella, na Espanha. Além disso, fez cursos de aperfeiçoamento e de  gestão em universidades renomadas, como Harvard e Stanford, e também é consultora do Banco Mundial para o Ensino Superior, além de visitar para conhecer melhores práticas educacionais em instituições de classe mundial em países como Singapura, Austrália e Índia. Abaixo, um resumo sobre como foi a conversa, que durou meia hora na sala da reitoria. As respostas estão editadas, com os pontos principais sobre os assuntos tratados. 

 

UVA EM FOCO – Qual foi o momento mais marcante de sua carreira?

Profa Beatriz Balena – Em quase 30 anos de carreira, vários momentos nos marcam definitivamente. Um desses foi ter me tornado doutora e poder atuar como pesquisadora e professora no ensino superior. Mas, sem dúvida nenhuma, o convite para assumir a reitoria da UVA foi o que mais me marcou, e é o que mais me motiva a estar aqui.

 

UVA EM FOCO – A senhora já foi pró reitora de pós-graduação e pesquisa e já chegou a ser vice-reitora. Quais são os desafios de estar, agora, à frente de uma universidade, tendo em vista sua relação com a UVA? 

Profa Beatriz Balena – Em todos esses cargos eu sempre vislumbrei uma universidade com relevância, que se destaca pela qualidade e é reconhecida pelos serviços que presta à comunidade. Para mim esse é o tripé de uma boa universidade. Quando eu estive à frente da pró-reitoria de pós-graduação, coloquei de pé alguns cursos de pós-graduação, mestrado, doutorado e especialização, que são voltados para a pesquisa e produção do conhecimento. Depois, quando eu estive à frente da vice-reitoria, quis integrar tudo isso e também trabalhar com a ideia de como a universidade pode se unir em prol da unidade acadêmica. A gente fez laboratórios diferenciados — como o FabLab* e o LabIdeias** — que são mais modernos. Nessa época eu trouxe também o conceito de uma universidade que se faz mais fora da sala de aula, com hands-on. Agora, na reitoria, a proposta é ter o aluno no centro da aprendizagem, não só com experiências do ponto de vista do conhecimento, mas também da vivência, trabalhar o estudante para que ele possa atuar em um mundo cada vez mais disruptivo, com novidades muito aceleradas. 

 

*o FabLab é localizado no primeiro andar do bloco A, no piso branco.

**o LabIdeias localiza-se no 2º andar do bloco A, ao lado da sala A201. 

 

UVA EM FOCO – Diante do atual cenário do país, o quê a senhora acredita que possa ser feito para melhorar aspectos educacionais, especialmente no setor público? 

Profa Beatriz Balena –  No setor público, o que a gente precisa hoje é direcionar melhor os recursos. O Brasil tem dinheiro para investir em educação, só que investe mal. Menos de um terço do investido chega ao estudante. Acredito que seja necessário realizar uma revisão dos recursos, voltando os esforços do setor público para uma melhoria significativa na educação básica, principalmente no ensino médio, que é um gargalo. Atualmente, um estudante sai do ensino médio com conhecimentos rasos em química, física e biologia, e com isso não se faz nada. Na Europa, um aluno sai do ensino médio com pelo menos capacitação para uma atividade média. No Brasil, isso não acontece.

 

UVA EM FOCO – O que pode ser feito para melhorar a relação da universidade com o aluno, visto que há constantes reclamações dos egressos em relação à problemas que vão desde atendimento até mesmo à limpeza de salas e banheiros? E qual a importância de um contato maior entre os dois — universidade e aluno?

Profa Beatriz Balena – Uma universidade não se faz só com a equipe dirigente. Os estudantes fazem parte da comunidade universitária e é do meu interesse estreitar o relacionamento com as representações estudantis. Não é inteligente que os dirigentes e alunos fiquem de lados opostos, já que nós queremos que a universidade tenha um ensino de qualidade, que ela seja um lugar bacana para frequentar, com segurança e limpeza. 

Nós estamos direcionando nossos esforços para melhorar a limpeza dos banheiros, o relacionamento do estudante e a minha vinda também tem um caráter bem forte de melhorar o atendimento. Isso não significa resolver todos os problemas, mas abrir um canal de comunicação para que o estudante também seja parte da resolução desses problemas. A ideia é que os alunos sejam nossos parceiros. Eu acho que o estudante da UVA é extremamente engajado, não quer somente o diploma e também não está na perspectiva de que ele é um privilegiado porque só estuda. São pessoas que sabem o valor do dinheiro e que sabem que esse investimento é para toda a vida. A minha ideia é trabalhar junto com vocês, criar comissões, ouví-los. O papel do educador hoje é ouvir a comunidade a quem ele se destina e buscar, junto, as soluções.

 

UVA EM FOCO – Por que um aluno deveria escolher estudar na UVA? Qual o diferencial dela para as outras do mercado?

Profa Beatriz Balena – O mundo não quer mais pessoas que saibam funcionem com base em respostas pré-concebidas. Ele precisa de pessoas que criem novas alternativas, que analisem as coisas e respondam a elas de uma forma criativa, inteligente e integrada. O ensino que privilegiar só a memorização nasce morto e ele não é o ensino da UVA. Nós temos uma concepção de ensino que é diferente de todas as demais. Ela não é padronizada, não está numa cartilha uniforme. Temos, além de professores mestres e doutores, professores que têm experiência no mercado e que vivem o que ensinam. A minha ideia é implantar uma metodologia que privilegie a mobilização das áreas mais importantes para o estudante, de forma ativa, que é quando ele aprende mais facilmente e melhor. Além disso, a UVA também trabalha com o saber agir, que consiste em soft skills como saber se colocar, defender uma ideia, agir em grupo, respeitar a ideia do outro, interagir com o chefe, o que aliado ao saber fazer, vai resultar em um profissional super diferente. A UVA é a única integra esses dois saberes, e esse é o motivo pelo qual você deve escolher estudar aqui.

 

Por João Henrique Oliveira, 6º período

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