O jornalismo comunitário é uma especialidade da área que trata sobre fatos que ocorrem dentro de uma comunidade. Assunto tão importante e de ascensão no mundo jornalístico, foi prioridade na programação do 1º Seminário Desafios do Jornalismo. A oficina Cobertura jornalística em comunidades, com Carla Regina, estudante de jornalismo e colaboradora da Agência de Notícias das Favelas (ANF), foi parte da programação, realizada dia 30/09.
Fundada em 2001 pelo jornalista André Fernandes, a ANF, logo foi reconhecida pela Reuters como a primeira agência do mundo a noticiar assuntos e acontecimentos sobre favelas. Feita por moradores, ativistas das favelas e colaboradores, mais de 500 pessoas do Rio de Janeiro, a ANF tem como intuito estimular a interação e a troca de informações, com a intenção de melhorar a qualidade de vida dos moradores. Um exemplo de iniciativa é o curso de pré-vestibular comunitário que é oferecido para alunos que pretendem realizar as provas do ENEM e outros concursos, organizado pela agência.
Na oficina, Carla Regina contou que o jornalismo comunitário é uma especialidade totalmente diferente do que imaginava ser e que não é só cobrir confronto entre policiais e bandidos, e sim eventos, a vida cotidiana de um morador, a moda que a favela produz, entre outros. “É para contar e mostrar a verdadeira favela, pois é feito por aqueles que moram nas comunidades e, por isso, conseguem saber para quem falar, como falar e de quem falar, e isso passa invariavelmente por contar nossas experiências diárias nas matérias”, disse. Com a ANF, Carla diz que os moradores conseguem ter visibilidade, num contraponto ao que é transmitido na televisão, quase sempre negativo.
Já o aluno do sexto período da Universidade Veiga de Almeida e morador de uma comunidade, Igor Gomes, comenta que acha muito difícil tentar ser imparcial na hora de escrever sobre sua favela. “O confronto é uma realidade para os moradores. Não é mais uma novidade, ou notícia. Eu não conseguiria escrever sobre eles sem colocar minha vivência”, disse. Para a professora Daniela Oliveira, ser imparcial nessas situações é uma dificuldade, pois “o olhar do autor define como o texto vai ser escrito”.
No bate-papo, os alunos conseguiram aproveitar a oportunidade para esclarecer melhor o que é o jornalismo comunitário, como ele funciona, quais são os critérios de noticiabilidade para essa área, como pensar em uma pauta para o veículo e como uma matéria pode impactar nas vidas dos moradores.
Por Fabyene Melo, 6° período
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