CasaCom Conecta traz especialista em sustentabilidade da Reserva

No dia 22 de setembro, a CasaCom Conecta promoveu pelo seu canal no YouTube a abertura do PubliUVA Summit 2021, evento que contou com a palestra “Estratégias de Comunicação da Sustentabilidade nas Empresas: um Case da Marca Reserva”. Com mediação do professor do curso de Publicidade e Propaganda Júlio Martins, o evento teve a presença de Alan Abreu. Abreu foi vencedor do desafio “Do it! Challenge 2018” promovido pela ONU e atualmente é especialista em sustentabilidade na Reserva. 

Em sua palestra, Abreu iniciou conceituando a sustentabilidade e deu o exemplo que, para ele, foi o primeiro movimento marcante de agressão à natureza, a Revolução Industrial. O especialista em sustentabilidade explica que neste período houve um aumento muito grande do consumo, que, por sua vez, ocasionou um maior número de descartes de materiais, agredindo assim o meio ambiente. Em sua apresentação, ele ainda enumera outros malefícios trazidos pela Revolução Industrial para o meio ambiente, como a perda da biodiversidade, aumento do efeito estufa e chuvas ácidas. Abreu ainda cita fatores sociais como fome e miséria, que também estariam presentes nesse período.

Sobre a sustentabilidade, Abreu explica que o termo nasceu nos anos 70, na “Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente”, seu objetivo era conscientizar o mundo sobre o crescimento exacerbado e sugerir maneiras de conciliar a produção sem que o planeta seja agredido. Para que o plano de um crescimento sustentável fosse viável, Abreu apresentou os três pilares da sustentabilidade, que são o social, o ambiental e o econômico. Sobre a questão social, ele explica que tem a ver com temas como fome, miséria, saúde e educação, já o ambiental irá tratar de todas as questões que envolvem a natureza e o econômico serve como uma lembrança da necessidade dos dois primeiros itens para ser possível pensar em um crescimento.

Mais adiante, ainda entra em questões mais específicas da sustentabilidade como a sustentabilidade corporativa, que irá abordar como as empresas lidam com esta questão. Segundo a teorização trazida por Abreu, neste tipo de sustentabilidade as empresas deveriam incluir em seu plano organizacional medidas para minimizar os danos à natureza causados por suas produções. Como Abreu representa uma empresa que figura no segmento de roupas, ele traz informações sobre a sustentabilidade na indústria têxtil que, segundo ele, é o segundo segmento que mais polui o planeta, perdendo apenas para a indústria petroquímica. Entre os vários problemas que permeiam a indústria têxtil, o palestrante chama a atenção para questões sociais, como violação de direitos humanos, exploração e mão de obra infantil.

O especialista explica, através de quatro tópicos, quais são os impactos que a moda possui sobre o meio ambiente, são eles a colheita, a produção, o ciclo de vida e o descarte. Sobre a colheita, Abreu exemplifica falando do maquinário utilizado em plantações de algodão, que podem colaborar para o efeito estufa, já sobre a produção, ele chama a atenção para a grande quantidade de água utilizada na confecção de tecidos, como o Jeans. A respeito do ciclo de vida de produtos, o especialista conta que muitas marcas apostam na produção da chamada fast fashion, que pode ser entendida como coleções que ficam rapidamente obsoletas, impulsionando o consumidor a comprar sempre mais e com mais frequência. Este ritual culmina na questão do descarte, que, cada vez mais frequente, lota aterros de materiais que, muitas vezes, não são reciclados. 

Ao analisar de uma maneira geral, Abreu reconhece que muitos avanços já foram feitos na indústria têxtil, mas alerta que existem ainda muitos desafios quando se pensa no mundo em sua totalidade. Ele cita um boletim do IPCC que indica que a humanidade está indo para um caminho de, segundo Abreu, “depredação do planeta”. Sobre o boletim,  expõe algumas informações como o aumento do nível do mar e a perda da biodiversidade, efeitos que, segundo ele, já são considerados irreversíveis.

Apesar dos muitos males causados pelo homem ao meio ambiente e de já existirem sequelas irreversíveis, Alan expõe o que pode ser uma gota de esperança para regenerar o planeta. Quando ele apresenta o case da Reserva, fala sobre o projeto “1P=5P”, cujo objetivo é transformar uma peça de roupa vendida em cinco pratos de comida para pessoas carentes. O “1P=5P” nasce do desejo da marca em ter um projeto próprio, já que anteriormente havia participado do “Rebeldes com Causa”, que tinha o foco de apoiar empreendedores sociais. Abreu conta que no início, a marca tinha o desejo de atuar no ramo da educação, mas, alertados por um dos beneficiados do “Rebeldes com Causa”, resolveram olhar para a fome, que pune 19 milhões de pessoas só no Brasil. 

Para a realização do projeto, a Reserva conta com parceiros como o Banco de Alimentos, situado em São Paulo, e o Mesa Brasil, do SESC, que tem atuação em todo o país, mas a Reserva decidiu direcionar os recursos apenas para a unidade de Alagoas, estado possuidor de um dos piores IDH´s do Brasil. A respeito do conteúdo das doações, Alan explica que os parceiros fazem uma curadoria, pegando alimentos de onde sobra e levam para quem necessita. Os lugares procurados são Supermercados, Hortifruit`s, indústrias e padarias. Quando os alimentos são coletados, há uma análise do que ainda possui bom valor nutricional, estes são enviados para instituições de caridade cadastradas no projeto. 

O projeto possui cinco anos, Abreu conta que, no início, a comunicação era mais voltada para a questão da quantidade, sempre que batiam um milhão de pratos, havia uma peça sinalizando o feito, mas que, com o tempo, foram sentindo falta de uma comunicação mais qualitativa, voltada para o sentimento, por isso, a marca refez todo o material de comunicação e redefiniu o foco, dando visibilidade para as pessoas que estavam por trás do projeto. Uma ação que marcou os colaboradores foi a realização de um mutirão, no qual foram coletadas meia tonelada de proteínas para uma instituição do Rio de Janeiro. 

Com os próprios colaboradores fazendo a entrega, ficou mais fácil de sensibilizá-los, já que estavam entrando em contato com os beneficiados. A ação gerou um bom material para a Reserva além de enviar uma mensagem para os consumidores de que a marca estava associada com as doações. Com a chegada da pandemia, Abreu revela que o capital da Reserva chegou quase a zero, já que as pessoas não estavam comprando roupas, mas que mesmo assim, se comprometeram em não parar com as doações, já que entendiam ser a época em que mais eram necessárias, desde o início do projeto, a “1P=5P” já distribuiu 53 milhões de pratos em todo o Brasil. 

 

Por Jean Caldas, 8° Período

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