Educação

Um livro que conta ainda mais do que uma história fictícia

Que nunca é tarde para começar a estudar, nós já sabemos! E foi isso que aconteceu com Inez de Paula, de 48 anos. Ainda sem formação superior, a decisão de estudar para concurso público fez com que ela se apaixonasse pela nova reforma ortográfica e escolhesse ir para a área da educação. Ao longo do curso, o gosto por literatura infantil foi crescendo e mais uma ideia surgiu: Escrever seu primeiro livro. Começar a faculdade foi de suma importância, e para que a experiência fosse ainda melhor, prestou vestibular com uma de suas filhas. Assim, iniciaram o curso de Pedagogia na Universidade Veiga de Almeida.

Ao longo das aulas na faculdade, ela descobriu adoração pela parte histórica, decidindo fazer também um curso de contação de história. Em uma disciplina de pedagogia, uma das tarefas foi a crição de um projeto e a escolha de Inez foi ser contadora de seu livro em escolas infantis. A junção dos recortes do livro escrito deu como resultado a criação de uma história que chamasse à atenção das crianças para a preservação do meio ambiente, por ser uma ação importante que muitos não realizam e nada como um aprendizado para ampliar os olhares para o tema.

Com seu primeiro livro em mãos, Inez percorreu escolas para poder divulgar e tentar conscientizar a todos sobre a importância do cuidado e preservação das espécies, sempre focando o público infantil, “O livro é uma porta para chamar as crianças para esse universo”, afirma.

Todo seu trabalho é pensado e estudado antes de ser posto em prática. Além da teoria, toda a bagagem pessoal de Inez fez a diferença e conta para a vida atual dela. Cursou Desenvolvimento Profissional em Educação Infantil na Fiocruz e está concluindo a graduação em Pedagogia. Já atuante há cinco anos em uma ONG como contadora de história, visita hospitais para ler nas enfermarias infantis e ainda trabalha como assistente de alfabetização e letramento, também sua fonte de pesquisa na universidade.

Apesar de todo o trabalho, a vontade de fazer mais continua na vida de Inez. Apesar de já ter seu primeiro livro, ficou muito tempo em busca de uma editora para conseguir uma remessa inicial de seu trabalho, mas devido ao alto custo, não foi fácil conseguir um acordo. Através da sua participação no coletivo Juntos e Misturados, conheceu a ilustradora que a ajudaria em seu projeto. Depois de conversar com quatro editoras, conseguiu fechar com uma em São Paulo, e o processo de edição levou ao todo meio ano. Sua publicação é independente, dificultando um pouco mais a divulgação, o que a leva a mais uma vontade, poder expor seu projeto em plataformas online. Inez já tentou uma crowdfunding, ou seja, uma vaquinha online para projetos que precisam de recursos financeiros para darem continuidade.  Apesar de não ter tido tanto sucesso com o financiamento coletivo, ela ainda percorre o sonho de imprimir seus exemplares para continuar seu trabalho.

O que Inez faz hoje é mais do que contar sua narrativa. “Uma delícia sujar as mãos de terra?”, nome de seu livro, leva para as crianças uma maneira de enxergar de outra perspectiva a relação do humano com a natureza. Isso se deu a partir da perseverança, estudo e relação com sua família, baseado em um desejo pela pedagogia, que fez com que a aluna conseguisse impactar diversas pessoas, desde crianças pequenas até aqueles que a ajudaram, como foi o caso da ilustradora. E essa é uma história da futura pedadoga, que mostra que não é tarde para começar algo novo, ainda que os obstáculos no caminho apareçam.

Inez de Paula estará participando de um evento na UVA – campus Tijuca, no dia 02 de outubro, às 12h45, na sala 228 do bloco A, onde irá fazer o que tanto gosta: a contação do seu livro para crianças, em comemoração do Dia das Crianças.

Laboratório de Comunicação Interna, Anna Beatriz Ferreira, 6º período do curso de Jornalismo e Jéssica Dantas, 8º período do curso de Publicidade e Propaganda, Universidade Veiga de Almeida, campus Tijuca. 

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Quimera: o projeto que descobre novos talentos na literatura

Se você é escritor, tem um livro e sonha em publicá-lo, mas já enfrentou muitas dificuldades ao tentar achar uma editora que te dê uma chance, você precisa conhecer essa história. Sabemos que quando estamos nesse meio, são notáveis o desinteresse e a desvalorização para com a literatura brasileira. Mas são pequenas ações e grandes passos que nos mostram que apesar de difícil, não é impossível: esse é o Projeto Quimera.

Antes chamado de Voo literário, o projeto nasceu em 2017, sete anos após o surgimento da ideia. Quimera, no dicionário, significa sonho; resultado da imaginação que tende a não se realizar. Porém, muito além disso, hoje ultrapassa as barreiras e traz a felicidade de pessoas que um dia já foram desacreditadas e faz, de seus sonhos, realidade.

A fundadora do projeto é Marianna Roman, aluna do 7º período do curso de Publicidade da UVA e escritora. Ela teve a ideia inicial com o objetivo de ajudar amigos e conhecidos também escritores. “Eu lancei meu primeiro livro aos 17 anos. Na época, conheci muita gente que escrevia e não falava para ninguém, mas veio conversar comigo porque queria uma luz, saber como era o processo. Como acontece até hoje. Então decidi que quando pudesse, abriria uma editora para ajuda-los. O propósito foi atingido com êxito”.

O sucesso não poderia ser diferente. A escritora, que hoje tem 26 anos, 16 livros de diferentes gêneros publicados, uma história de vida cheia de altos e baixos e um coração enorme, é apaixonada por livros desde que se entende por gente e sabe que, muito mais que uma história, a literatura pode salvar vidas. “É essencial na formação do ser humano enquanto indivíduo. A pessoa que lê tem a oportunidade de enxergar as situações de diferentes perspectivas. De interpretar os problemas e até mesmo a própria felicidade com outros olhos, ouvidos e atitudes”, conta, lembrando que além de ajudar novos talentos, quer levar com a literatura brasileira mais conhecimento, percorrendo com o projeto por várias escolas públicas do Rio de Janeiro.

Porém o seu maior diferencial, ela garante, é que todas as pessoas que por lá passam são tratados como família. Descreve que muitos chegam, muitas vezes, tímidos e sem acreditar que vai dar certo. São acolhidos, recebem dicas e toda a atenção, suporte e esperança, que é exatamente isso que se é preciso para alimentar e não matar um sonho. “Aquilo que ele fez vai dar a ele a chance de seguir no caminho de fazer algo relevante e importante para si e para os outros. Vivemos em comunidade e temos que ser empáticos e respeitosos com o próximo. A literatura nos ensina muito sobre isso”, explica ela, dando a certeza que todo esse seu carinho veio diretamente disso e que é o que ela quer que o projeto seja, puro respeito e acolhimento.

Com a certeza de que nada é por acaso e com sua enorme vontade e força de querer fazer o mundo mudar, ela não pestaneja. “Eu tive problemas de saúde, e por isso quase morri. Quando melhorei, decidi que ia fazer diferente, que ia fazer mais por mim, correr mais atrás dos meus sonhos. A Quimera é a grande concretização, o sonho de metade da minha vida que virou realidade e me deu coisas que vão além do que eu imaginei. Nada paga a sensação de ver o brilho nos olhos ao autor, do leitor, ver os projetos ganhando forma. Isso me tornou quem sou hoje e faz de mim melhor a cada dia. E para Quimera, vejo crescimento, vejo um projeto que propõe verdade, que é de verdade e que acredita no futuro realizando sonhos”, finaliza, certa de que seu trabalho vai muito além de uma editora, mas é uma recordação diária que nenhum sonho pode ser esquecido e deixado para trás.

Laboratório de Comunicação Interna, Bárbara Micas, 6° período do curso de Jornalismo, Universidade Veiga de Almeida – campus Tijuca

Sexo e Gênero na língua portuguesa

Estudos que analisam a relação entre gênero, sexualidade e linguagem têm ganhado peso nos últimos anos com a ampliação dos debates sobre a inclusão de todas as identidades de gênero na língua portuguesa, já que muitos não sentem-se incluídos com a utilização do artigo “o”, tampouco “a”, bem como suas respectivas flexões, para representá-los. Inclusive, o velho debate da gramática e da linguística acerca da utilização do gênero masculino como genérico ressurgiu.

Segundo a gramática normativa, embora haja cinco meninas e um menino em um grupo, o plural será flexionado no masculino, “os meninos”. Nesse sentido, qual é o espaço para a representatividade de todas as identidades de gêneros na língua portuguesa?

Se é verdade que a linguagem não é somente uma forma de comunicar, mas também algo que nos constrói como indivíduos e sociedade, é fundamental que a língua ultrapasse as barreiras sutis e veladas de exclusão e preconceito linguístico e avance no sentido de incorporar novas subjetividades.

O uso do “e” como indicação de gênero neutro é uma forte tendência. Inclusive a Avon em uma de suas campanhas publicitárias, com o cantor Liniken, usou a frase “Para todEs” em sua última linha de maquiagem. Não só “e” mas também o @ e o “x” tem sido utilizado em substituição à vogal temática, como no Manual de Calouros da USP que trazia a frase “Bem-vindXs à USP” em suas últimas tiragens.

Entretanto, o que entende-se como avanço para alguns não significa o mesmo para outros. A nova tendência tem enfrentado uma série de críticas e embates. Muitos veem como impronunciável e logo impossível à inclusão na língua falada, além de não ser acessível aos deficientes auditivos e visuais, já que os softwares de tecnologia assistiva não conseguem lidar com as combinações de letras sem significado fonético estabelecido.

Para além das dificuldades encontradas na tentativa de incluir todos os falantes na língua, é importante ressaltar que ela não é propriedade de gramáticos e linguistas, mas um fator dinâmico, vivo, coletivo e passível de constantes modificações ao longo do tempo. É, portanto, resultado da escolha e ação de diversos atores sociais em jogo, sendo um precioso retrato da mudança cultural e social do momento histórico atual.

Por: Ana Amélia Balbi, Beatriz Ferreira, Luma Espíndola, Marcella Pereira, Marlon De Gouvea e Matheus José Santos, alunos de Linguagem, Sociedade e Educação.

Existe uma forma certa de falar?

Você sabia que existe mais de uma variedade da língua portuguesa? De acordo com o linguista Marcos Bagno, em seu livro A língua de Eulália: novela sociolinguística, “Existe um pequeno número de variedades do português — faladas numa determinada região, por determinado conjunto de pessoas, numa determinada época […].” E é a partir do desconhecimento desse fato que o Preconceito Linguístico surge. Ele é o julgamento humilhante da fala do outro; seja quando há preconceito devido aos sotaques regionais, erros gramaticais, troca de fonemas, entre outros.

Fonte: COLETIVO METRANCA
Mas até onde a sua opinião não é preconceito?
 
Começaremos dizendo que todas as pessoas possuem livre-arbítrio para expressarem suas opiniões. Em contraponto, muitas delas praticam esse direito de forma errônea, atingindo a pessoa da qual se fala.
No mundo hodierno, são inúmeras as formas de preconceito e de praticá-los, mas o preconceito linguístico está em ascensão, atingindo principalmente as classes mais baixas. Pessoas que, por falta de condições, não tiveram acesso à educação. Elas tendem a ser esnobadas por não usarem “corretamente” o português padrão. Outro manifesto de preconceito é quando alguém de outro estado pronuncia uma palavra de forma diferenciada da qual usamos normalmente, como, por exemplo: mandioca/macaxeira; eita sô/eita.
Desmistificando o preconceito linguístico
A língua falada é igual à língua escrita?
Mito! A língua escrita possui um padrão, que é ensinado nas escolas. Já a língua falada possui diferentes dialetos, constituídos por fatores sociais, culturais, regionais e históricos de uma comunidade.
O português de Portugal é o certo e o do Brasil é o errado?
Mito! As diferenças que existem entre o português do Brasil e o de Portugal fazem com que muitas pessoas achem que o português brasileiro é errado, quando ele é apenas diferente. Diferença essa que se faz presente no vocabulário, nas construções sintáticas, em certas expressões e não podemos esquecer da pronúncia, Nela, essa distinção é mais nítida. Segundo as palavras de Marcos Bagno: “[…] Nenhum dos dois é mais certo ou mais errado, mais feio ou mais bonito: são apenas diferentes um do outro e atendem às necessidades lingüísticas das comunidades que os usam, necessidades que também são… diferentes! […]“
Fonte: PELO FIM DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Se Dumbledore está falando…. quem somos nós para discordar, não é mesmo?

Fonte: PELO FIM DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO
Gostou de saber que existe muito além da norma padrão da nossa língua? Agora pode postar aquele tweet  sem culpa no coração, porque as formas de expressão são livres e a língua também!
 
Por Isabella Lima, Isabelle Cristine, Laura Carvalho. Mariana de Moura, Mateus de Oliveira, Mylena Marques e Victória Halfeld, alunos de Linguagem, Sociedade e Educação.