Curso de Psicologia da UVA discute “Luta antimanicomial”

A primeira palestra do “XVI Luta Antimanicomial: por uma sociedade sem manicômios”, evento online promovido pelo curso de Psicologia da Universidade Veiga de Almeida, aconteceu nesta sexta-feira (22). A live que contou com mais de 500 participantes na plataforma zoom e foi transmitida também pelo facebook, abordou o tema “O que a psicanálise ensina para a reforma psiquiátrica”, com mediação da coordenadora da graduação do curso de Psicologia no campus Tijuca, professora Danielle Lamarca. Participaram da discussão a coordenadora do doutorado em Psicanálise, Saúde e Sociedade da UVA, professora Gloria Sadala, e Maria Anita C. Ribeiro, Sonia Borges e Vera Pollo, professoras do mestrado e doutorado do mesmo curso.

 

Danielle Lamarca iniciou o debate reforçando a importância do tratamento humanizado, fazendo uma analogia com a situação vivida no momento. Para facilitar a compreensão do que significa a privação de liberdade em um manicômio, comparou o efeito que a quarentena produz na saúde mental de pessoas saudáveis com o impacto muito maior que esse tipo de situação causa na saúde mental de pessoas já fragilizadas. O manicômio pode produzir mais efeitos negativos do que positivos, concluiu a coordenadora.

 

A primeira palestrante, Glória Sadala, relembrou Freud ao citar a importância de um profissional capacitado a extrair do paciente informações significativas durante um tratamento, pois o subconsciente é responsável, e não apenas um objeto de estudo. Em relação ao papel da medicina, ainda de acordo com a literatura freudiana, a professora afirmou que o psiquiatra exerce um papel importante, mas não é capaz de escutar propriamente o paciente e mesmo nos casos que escuta, não resolve totalmente o problema. O médico  apenas busca um transtorno no qual o paciente se encaixe e com isso escolhe entre o medicar ou dizer que não há um problema com a pessoa em questão. Por esse motivo, a psicanálise e a psiquiatria são complementares, nunca excludentes.

 

Maria Anitta C. Ribeiro também citou Freud ao ressaltar o valor da área de atuação da psicanálise que foi descoberta por ele, a fantasia. A professora afirmou que nunca se deve tentar adequar o louco à realidade, pois esta é subjetiva. A realidade de um psiquiatra que tenta fazer isso é apenas mais compartilhável que a do paciente que tenta curar. “Quando se escuta uma coisa, ela passa a ser realidade”, apontando que a alucinação por si só já é uma tentativa de cura.

 

Sonia Borges falou sobre o romancista James Joyce e sua ruptura com a lógica, motivo pelo qual se tornou famoso e impressionou o psicanalista Lacan. Joyce teria encontrado na literatura uma forma de impedir o desenvolvimento da sua psicose. Para compreendê-lo analiticamente, precisamos pensar na época e no contexto social em que ele vivia.

 

Vera Pollo finalizou também ressaltando a importância da literatura para a humanização, mas retomou Freud. Ressaltou que o sujeito procura ajuda nem sempre com a intenção de ser curado, pois o sintoma, às vezes, é a representação do paciente em si. Para a professora, a busca por um médico pode servir ao paciente como uma validação da doença, que na procura pela cura pode acabar se tornando apenas um distribuidor de papéis e serve do capitalismo.

 

Letícia Freitas, 6° período.

  

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