O que rolou no II Encontro da Diversidade Humana

O II Encontro da Diversidade Humana rolou entre os dias 26 e 28 de março, no campus Tijuca.  O evento organizado pelo Centro Acadêmico Relações Internacionais – CARI UVA e pela Frente Feminista de RI – UVA Tijuca debateu questões ligadas à sexualidade, raça, gênero, machismo, intolerância religiosa e muitas outras. Além disso, cada evento começou com uma homenagem prestada a Marielle Franco, que estaria presente na mesa “Questão Racial e Desafios Contemporâneos”, no dia 27.

O dia 26 de março (segunda-feira) foi marcado pelo tema Resistência LGBTI e Desafios Contemporâneos, que contou com a presença dos estudantes de Relações Internacionais, Talita Chaves e Victor Perez, Coordenador da Frente LGBTI de RI de Relações Internacionais da UVA, Giowana Cambrone, Professora de direito na FACHA, Especialista em Democracia participativa, República e Movimentos Sociais, Membro do ASC – Advocacia Sindical Coletiva, Advogada do programa estadual Rio sem Homofobia, Ativista de Direitos Humanos e Transfeminista, e Wescla Vasconcelos, Travesti, Cearense, Pedagoga, Militante no Forum Estadual de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro (FORUM TT TJ) para compor a primeira mesa.

Victor Perez agradeceu o espaço dado a eles, disse que a temática do assunto não é fácil e precisa desse tipo de debate no meio acadêmico. Ele acredita que a resistência do grupo trará mudanças favoráveis à Universidade Veiga de Almeida, que é composta por um grande número de estudantes LGBTI.

A estudante Talita Chaves contou sobre a dificuldade profissional que enfrenta por conta de sua aparência, ela, que não se sente à vontade performando feminilidade, já ouviu um não em uma vaga de estágio por conta disso. Diz também que dos homens, as lésbicas geralmente recebem dois tipos de olhares: um como objeto sexual e outro de “sapatão” e “caminhoneira”.

A pedagoga e travesti Wescla Vasconcelos fez um discurso tocante e feroz em que a ideia é a de lutar para não morrer. Sua fala e a da professora e advogada Giowana Cambrone muitas vezes se assemelham, as duas falam do preconceito sofrido na pele, por se identificarem com o gênero que não é o que elas receberam quando nasceram.

As duas falam dos problemas em utilizar banheiros públicos, onde sofrem preconceito de homens e mulheres cis, e na dificuldade de ajudar outras pessoas, como no caso da doação de sangue. Falam também que o Brasil nega direitos, educação, saúde e trabalho, levando muitas à prostituição, e até mesmo a morte, onde também encontram barreiras, pois uma trans não consegue ser enterrada com o nome que se identifica.

Durante todo o encontro, também rolaram rodas de conversas e exposições entre um debate e outro. Lambes feministas, os quadros da Florencia Tomé (@osoleado) e o arsenal da Livraria Ambulante Timbuktu estavam à disposição de quem passasse perto do auditório.

A estudante de Relações Internacionais e membro da Frente Afro-brasileira de Relações Internacionais, Camila Santos, participou da Roda de Conversa: O Corpo Negro e disse que o intuito é chamar o público estudantil, ainda majoritariamente branco, para falar sobre racismo, a fim de quebrar a barreira que diz que pessoa branca não precisa debater racismo. “Nós temos que nos reunir sempre, por que às vezes a gente repete o racismo, sem nem mesmo perceber, e só com o diálogo a gente pode evoluir. Depois de cada roda, ninguém sai do mesmo jeito que entrou”.

Dia 27 de março (terça-feira), que teve como tema principal Raça e Etnia, contou com duas mesas pra debater o assunto. A primeira do dia foi sobre Genocídio da População Negra, presenciada por Rute Noemi, Luciane Silva e Sônia Martins. Um assunto importante que deixou muitos da platéia emocionados.

Luciane Silva, moradora de Nova Iguaçu, assistente social e militante dos Direitos Humanos, conta em seu discurso que conheceu Marielle Franco após perder seu filho, Rafael Silva, morto na chacina da baixada. Ela conta que o que lhe deu força para continuar foi entrar numa rede de mães unidas contra violência, que dá voz, acolhimento e ajuda famílias vítimas da violência. Ao final, a organizadora do evento, Fernanda Mello, puxou gritos de Rafael presente.

O último dia de evento, quarta-feira (28), foi sobre Violência de Gênero. Contou com um Cinedebate em parceria com o CINERIO sobre o documentário “A Margem do Corpo”, uma mesa sobre a subordinação da mulher, e outra que debateu violência obstétrica, doméstica, psicológica e vingança pornográfica. A estudante do 1° período de Psicologia, Lilian Cid, se disse admirada com os debates. “Eu venho de uma primeira graduação numa faculdade pública, fiquei surpresa e feliz em ver que uma faculdade particular abre espaço para os alunos comentarem esses assuntos que nem sempre chegam fácil ao público, eu, por exemplo, sabia pouco sobre abuso obstétrico”, destaca Lilian.

Além desses assuntos, durante o evento, também foram debatidos aborto e Direitos Humanos na pauta do Supremo Tribunal Federal, intolerância e diversidade religiosa. Fernanda Mello, estudante de Relações Internacionais, Coordenadora da Frente Feminista de RI, líder do CARI UVA e organizadora do evento, se diz feliz com o resultado. “As expectativas foram superadas, o engajamento dos estudantes foi ótimo, pessoas debatendo, o que me faz pensar que o impacto que o encontro causou foi bom! ”.

Piquenique da Diversidade Humana. Foto: Rute Rocha.

Saiba mais:

Você sabe o significado de “cis”?
Dentro de estudos de gêneros, cis, ou cisgênero, é o termo utilizado para se referir às pessoas que se identificam com o sexo designado à elas na hora de seu nascimento, enquanto transgênero é usado para referir às pessoas que têm uma identidade de gênero diferente do sexo que lhe foi atribuído ao nascimento.

E LGBTI, você sabe?
A sigla LGBT já é mais conhecida, mas o que significa o “i”? Essa nova vogal diz respeito às pessoas intersexuais, que são pessoas que o padrão de cromossoma normalmente não é considerado nem feminino, nem masculino, podendo se identificar como homem, mulher ou nenhum dos dois gêneros.

 

Fontes:

folhavitoria.com.br/entretenimento/blogs/sexo-e-prazer/2016/05/10/o-que-e-cisgenero/

share.america.gov/pt-br/o-i-na-sigla-lgbti-e-de-intersexual-eis-o-que-significa/

Laboratório de Comunicação Interna, Rute Rocha Lobo, 7° período de Jornalismo, Universidade Veiga de Almeida – campus Tijuca.

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