Presente e futuro se encontram na Adm Talk, do curso de Administração

Professores da UVA discutem panorama histórico das tecnologias e seu impacto na sociedade

 

Na última quinta-feira (21), a Adm Talk trouxe os professores Cláudio Fico, Flávio Nogueira e Cleber Karls, coordenador do curso EAD de História, para a palestra “As Novas Tecnologias de Monitoramento Social e Modelagem Matemática”. O foco do debate foi a inovação tecnológica constante e a importância da segurança da informação.

Para demonstrar a semelhança entre nossa vida cotidiana e o mundo da ficção científica, a palestra começou com trechos de uma série e dois filmes futurísticos. Em Minority Report (2002), Tom Cruise recebe anúncios publicitários personalizados a partir da leitura de retina. Keanu Reeves, em Matrix (1999), hackeia uma tecnologia inteligente. Na série Westworld (2016 – presente), um robô em forma humana, interpretado pela atriz Evan Rachel Wood, fala sobre um sistema de modelagem que prevê quando um humano morrerá.

Tudo isso parece distante pela forma que é retratado, mas estamos próximos dessa realidade. Com dados de redes sociais, por meio de modelagem matemática, os algoritmos fazem previsões de consumo, sabendo exatamente o tipo de publicidade que interessa a cada pessoa. No Brasil, algumas cidades utilizaram drones para reforçar o isolamento social. As seguradoras fazem previsões de quando acontecerão acidentes para saber exatamente quanto cobrar. Esses exemplos da aplicação da tecnologia para monitoramento social foram discutidos no evento.

A modelagem matemática é uma representação da realidade que permite fazer estimativas. Este método tem sido muito utilizado durante a pandemia de Covid-19 para antecipar o número de doentes e a quantidade de recursos necessários. De acordo com o professor Cléber, essa tendência de monitoramento é mais benéfica para a parte da população que consegue interpretar os dados.

“Hoje, podemos aplicar a modelagem matemática para tudo”, afirma o professor Cláudio. Os avanços tecnológicos revelam novos horizontes e as transformações trazem oportunidades. É impossível prever qual o futuro da tecnologia, porque isso depende não só da ciência, mas de demandas da sociedade. Ele diz que a grande diferença entre o ser humano e a inteligência artificial é a velocidade de processamento, ponto em que as máquinas têm vantagem, mas fatores históricos e psicológicos ainda favorecem a humanidade.

A introdução de novas tecnologias muda as relações humanas, e nem sempre as inovações são bem aceitas. Cléber citou os ludistas durante a revolução industrial, trabalhadores que quebravam as máquinas por medo da substituição no trabalho, apontando as disputas homem versus máquina que acontecem até na atualidade. Para ele, a diferença do século XXI é que as mudanças acontecem rapidamente, e isso impacta o cotidiano, além de modificar as relações de trabalho. “Não conseguimos mais interpretar a sociedade de uma forma dicotômica”, comenta.

Flávio recomenda a obra de Yuval Harari, destacando o livro “Homo Deus: uma breve história do amanhã”, que traça um panorama do futuro a partir do passado da humanidade. Sobre a possibilidade de máquinas substituírem o homem, o professor admite que é possível em cenários em que não importa a consciência, mas sim a inteligência, como em determinadas funções na área financeira. Além disso, enfatiza a perda de liberdade a partir da aplicação extrema de modelos matemáticos, citando como exemplo a eleição de Trump, em 2016, e a manipulação dos votos.

Nas considerações finais, Flávio explicou que não adianta ter uma boa técnica, como dados e sistemas, se a parte da aplicação humana é falha. Cléber ressaltou a gravidade da exclusão digital, que é muito presente em países como o Brasil. Cláudio encerrou com um alerta: “cuidado com as redes sociais”, afirmando que os dados colocados na internet abrem porta para manipulação.

 

Julia Barroso, 6º período

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

%d blogueiros gostam disto: