Primeiro Seminário Desafios do Jornalismo recebe a jornalista americana Ana Araña

 

Ser jornalista não é uma profissão fácil. De acordo com a pesquisa do Press Emblem Campaign, entre janeiro e julho de 2019, 38 profissionais foram mortos no mundo todo, porém o número caiu 42% em comparação a 2018, onde foram 66 mortes. O Brasil está na quarta posição desse ranking, junto com a Colômbia, com 2 jornalistas mortos em cada país no período. 

Foram essas estatísticas que a jornalista Ana Araña trouxe para os estudantes de comunicação da Universidade Veiga de Almeida (UVA), durante o primeiro Seminário Desafios do Jornalismo. Com o intuito de trazer uma perspectiva profissional para os alunos, a americana abordou temas como o número de mortes desses profissionais, o jeito que os jovens consomem a notícia atualmente e ainda explicou como o jornalismo independente pode beneficiar o recém-formado.

Além de entusiasmar os alunos com os dados trazidos, Ana fez perguntas e criou um pequeno debate entre os colegas em busca de opiniões sobre a carreira, o futuro e a criação dos jovens no Rio de Janeiro. 

Morte em Serviço 

 

Ana Araña trabalhou se aprofundando em crime organizado no México e Estados Unidos. Além de dados globais, Tim Lopes, jornalista brasileiro que fazia reportagens investigativas e foi morto por traficantes do Complexo do Alemão, foi lembrado. 

“Os ataques estão perto de níveis recordes, mesmo em países onde pensávamos que estávamos seguros”, disse a palestrante, e ainda afirmou que o melhor conselho que pode ser dado para os futuros comunicadores que almejam o jornalismo investigativo é: se manter vivo. “Porque em muitos países, o maior problema é a segurança pública. Você tem que saber onde você está e com quem vai trabalhar”, afirmou.

 

Consumo de Notícias pelo Whatsapp

 

De acordo com uma pesquisa feita em 2018 pelo Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), 25% dos brasileiros utilizam o WhatsApp como fonte de notícias, porém, dentro desse número, 24% disseram que não confiam nas mensagens que recebem, e 60% confiam somente em parte. O grande problema de receber informação pelas redes sociais é que os usuários ficam mais vulneráveis ao compartilharem fake news. “Um jornalista pode usar o WhatsApp o tempo todo para fazer entrevistas online, mas se você só lê o que recebe no aplicativo,você está polarizado”, disse Ana Araña. 

A jornalista perguntou aos alunos onde eles mais consomem notícias e não ficou surpresa ao descobrir que a maioria se informa pela internet. Então, com intuito de conscientizá-los sobre a disseminação de notícias falsas, a palestrante apresentou alguns sites, reconhecidos na América Latina, especializados no fact checking, que é checar o que é verdade e mentira. O Chequeando, da Argentina, o El Faro, de El Salvador e o Contra la Corrupción, do México, foram os portais citados. O Brasil também já possui esse tipo de tecnologia em iniciativas reconhecidas, como o Fato ou Fake, do G1, e a Agência Lupa, que estave presente no seminário durante a tarde. 

 

A Independência no Jornalismo

 

O jornalismo independente é o tipo de mídia que não está vinculado aos grandes meios de comunicação, e não tem compromissos com anunciantes, grupos políticos e instituições governamentais. De acordo com a pesquisa abordada pela Ana Araña, 172 plataformas emancipadas são financiadas por ONG’s e crowdfunding, se tornando a opção mais interessante para alunos que estão prestes a se formar. 

Para jornalista, esse novo estilo de jornalismo é o futuro para os que estão saindo da universidade e dá a dica para os estudantes: “Acho que vocês têm que procurar alguém que esteja fazendo o que você quer trabalhar e dizer ‘eu faço qualquer coisa’. O jornalista tem que saber que você não é preguiçoso”. 

Por Luiza Almeida, 5° período 

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