Projeto do Laboratório de Fonoaudiologia da UVA ajuda pacientes transgênero a adequar a voz

Nós sempre desejamos respeito em qualquer lugar onde chegamos. E se em alguns momentos passamos por situações no dia a dia que nos deixam constrangidos, imagine toda a dor e a dificuldade vivida por alguém transgênero, que começa desde cedo a luta para transformar um corpo em que não se reconhece. E como uma forma de promover um exercício de cidadania e inclusão social voltado para esse público, o Laboratório de Fonoaudiologia da UVA realiza um projeto de readequação de voz para transexuais que tem trazido resultados muito positivos.

O programa é uma ideia do Professor de Fonoaudiologia e Especialista em Voz, João Lopes. Ele mostra o projeto como um desejo antigo, mas que realmente foi para a frente por meio de uma conversa com uma aluna que tinha contato com pessoas transgênero e percebia a dificuldade de adequação na fala quando dialogava com elas. “Eu também trabalho com teatro há muito tempo e faço a preparação vocal de atores. Então, eu pensei: se posso trabalhar para que uma atriz e um ator possam mudar os tons da voz para representar um papel, por que não fazer o mesmo para ajudar pacientes transexuais? ”, relata o professor.

Apesar de o laboratório realizar o projeto há dois anos, João Lopes não esconde as dificuldades e as críticas que também vivenciou para pôr a ideia em prática. “As pessoas me questionavam sobre o porquê de perder tempo com esse tipo de ação, ainda mais dentro de uma universidade. Mas se você parar para pensar há muitos projetos que já estão sendo feitos com crianças, idosos, e o público transgênero continua sendo esquecido. Nós precisamos ajudar a incluir e mudar de forma positiva a vida dessas pessoas”, conta João Lopes.

É importante ressaltar que o projeto na UVA contou inicialmente com a presença de três transexuais que eram garotas de programa. Mas hoje o público se expandiu muito e além de ajudar pessoas de baixa renda, o laboratório conta com a presença de pacientes que também são empresários e possuem formação acadêmica. O fonoaudiólogo conta que no início, os pacientes chegam à defensiva, com medo de sofrer no consultório o que passam do lado de fora, mas que isso logo muda. “O nosso trabalho não é apenas com a voz, é também corporal, gestual e psicológico e ao vivenciar todas essas mudanças, os pacientes se sentem muito acolhidos”.

E não é preciso muito tempo de tratamento para as mudanças começarem a acontecer. O acompanhamento no laboratório é feito de 12 a 15 encontros, uma faixa de três meses e meio. João afirma que o tratamento traz resultados interessantes, mas enfatiza que é preciso respeitar a anatomia de cada paciente. Já as conquistas no meio social também não são diferentes. A autoestima aumenta, a timidez diminui e a alegria se torna constante. “Nós conseguimos ver muitas trans ingressarem no mercado de trabalho, muitas retornaram aos estudos e tivemos até um casamento, acredita? Uma das meninas namorava um rapaz. Ambos se gostavam muito, mas ele ainda se sentia um pouco incomodado com a voz da parceira. Após o tratamento, eles se casaram e hoje são ainda mais felizes. Saber disso, é uma conquista para nós”, conclui o professor.

Para ingressar no tratamento de adequação de voz, basta o paciente procurar o Centro de Saúde da UVA, localizado na Praça da Bandeira, e a recepção fará o encaminhamento.

Localização: Praça da Bandeira, 149 – Praça da Bandeira
Horário de atendimento do Centro de Saúde: segunda a sexta-feira, das 7h às 22h

Laboratório de Comunicação Interna, Camila Porto, 7º período de Jornalismo, Universidade Veiga de Almeida – campus Tijuca

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