Sexo e Gênero na língua portuguesa

Estudos que analisam a relação entre gênero, sexualidade e linguagem têm ganhado peso nos últimos anos com a ampliação dos debates sobre a inclusão de todas as identidades de gênero na língua portuguesa, já que muitos não sentem-se incluídos com a utilização do artigo “o”, tampouco “a”, bem como suas respectivas flexões, para representá-los. Inclusive, o velho debate da gramática e da linguística acerca da utilização do gênero masculino como genérico ressurgiu.

Segundo a gramática normativa, embora haja cinco meninas e um menino em um grupo, o plural será flexionado no masculino, “os meninos”. Nesse sentido, qual é o espaço para a representatividade de todas as identidades de gêneros na língua portuguesa?

Se é verdade que a linguagem não é somente uma forma de comunicar, mas também algo que nos constrói como indivíduos e sociedade, é fundamental que a língua ultrapasse as barreiras sutis e veladas de exclusão e preconceito linguístico e avance no sentido de incorporar novas subjetividades.

O uso do “e” como indicação de gênero neutro é uma forte tendência. Inclusive a Avon em uma de suas campanhas publicitárias, com o cantor Liniken, usou a frase “Para todEs” em sua última linha de maquiagem. Não só “e” mas também o @ e o “x” tem sido utilizado em substituição à vogal temática, como no Manual de Calouros da USP que trazia a frase “Bem-vindXs à USP” em suas últimas tiragens.

Entretanto, o que entende-se como avanço para alguns não significa o mesmo para outros. A nova tendência tem enfrentado uma série de críticas e embates. Muitos veem como impronunciável e logo impossível à inclusão na língua falada, além de não ser acessível aos deficientes auditivos e visuais, já que os softwares de tecnologia assistiva não conseguem lidar com as combinações de letras sem significado fonético estabelecido.

Para além das dificuldades encontradas na tentativa de incluir todos os falantes na língua, é importante ressaltar que ela não é propriedade de gramáticos e linguistas, mas um fator dinâmico, vivo, coletivo e passível de constantes modificações ao longo do tempo. É, portanto, resultado da escolha e ação de diversos atores sociais em jogo, sendo um precioso retrato da mudança cultural e social do momento histórico atual.

Por: Ana Amélia Balbi, Beatriz Ferreira, Luma Espíndola, Marcella Pereira, Marlon De Gouvea e Matheus José Santos, alunos de Linguagem, Sociedade e Educação.

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